Já que existe no sul esse conceitoQue o Nordeste é ruim seco e ingratoJá que existe a separação de fatoÉ preciso torná-la de direitoQuando um dia qualquer isso for feitoTodos dois vão lucrar imensamente Começando uma vida diferente De que agente até hoje tem vividoImagina o Brasil ser divididoE o Nordeste ficar independenteO belíssimo verso tirado da música de Bráulio Tavares e Ivanildo Vila Nova - Nordeste Independente - na vida real não passa de uma utopia. A obra retrata a revolta em relação ao preconceito sulista. O descaso, a exclusão e da falta de oportunidade que as pessoas que nasceram ou que vivem na parte de cima do mapa brasileiro vivem. A música mostra a vontade ter o Nordeste separado do Restante do país. Apesar de utópica, a composição da dupla pode servir como reflexão para o momento que o futebol nordestino vem atravessando no cenário nacional. Ela faz a gente refletir e parar para pensar que o futebol nordestino precisa ser reformulado. Isso porque estamos vivendo um dos mais difíceis momentos da história dos nossos clubes. A queda de divisão de times tradicionais como Sport, Náutico, Fortaleza e entre outros times mostra a necessidade de mudanças.
A fragilidade de nossos clubes é uma consequência direta do deficiente campeonato estadual que acontece nos nove estados nordestinos. O Campeonato Pernambucano, que há décadas é dominado por apenas pelos três clubes da capital e marcado pela falta de estrutura da maioria dos times interioranos. É o reflexo da mesmice do Campeonato Baiano, que vive apenas de Bahia e Vitória. Do fraco certame Cearense, entre Fortaleza e Ceará. Da competição pouco atrativa que acontece nos estados de Alagoas, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, e que levam torcedores a acompanhar o Campeonato que é transmitido pela TV em rede nacional.
Essa queda de nosso clubes parece chamar ainda mais a atenção para o caminho errado que estamos tomando em relação ao futuro. Os tempos mudaram. Estamos perdendo dinheiro e o pouco de prestígio que tínhamos. Por causa de um calendário imposto pela CBF, acabamos com a única competição regional que havia dado certo no Brasil. O Campeonato do Nordeste precisa retornar. Mesmo que fique no lugar dos tradicionais, mas falidos estaduais. Essa competição precisa ser bem pensada antes que fique muito tarde.
A criação do Nordestão não iria acabar com o futebol do interior como muitos alegam, pois os estados nordestinos, em sua maioria, são pequenos territorialmente e a competição poderia ser feita com duas ou três divisões sem muito gasto para os clubes com menor poder aquisitivo. As vagas na Copa do Brasil seriam ocupadas de acordo com a classificação dos clubes no Campeonato do Nordeste. Fora que iríamos aumentar a qualidade de nosso jogos, movimentar o mercado de jogadores e a rivalidade estadual iria continuar, pois os times do mesmo estado continuariam se enfrentando. É hora de mudar.